É sempre difícil falar sobre um livro que significou tanto
para você. Mais difícil ainda é comentar sobre a adaptação da história. Sempre
existe aquele medo de não sair como você esperava, dos atores não se encaixarem
nos papéis e, no fim, o filme acabar ganhando o selo “Percy Jackson de
adaptação”. Com A Culpa É Das Estrelas meu medo começou na escolha dos atores, Shailene
Woodley e Ansel Elgort simplesmente não batiam com a minha ideia de Hazel Grace
e Augustus Waters. Mas respirei fundo e deixei seguir.
Em uma adaptação de um livro que fez tanto sucesso a chance
de tudo ir por água abaixo é imensa. Existem tantos fatores a serem levados em
conta, desde um simples quote, a uma interpretação errônea. Felizmente não
aconteceu isso com ACEDE. Meu primeiro julgamento de que Shailene e Ansel não deveriam
ser os principais caiu por terra com o primeiro trailer. Eles conseguiram,
ambos se empenharam e conseguiram dar vida a personagens que eu pensei que só
seriam perfeitos no papel. Aliás, cada um dos atores conseguiu se encaixar no
papel. Adorei a forma como Nat Wolff capturou a personalidade de Isaac.
O filme é narrado, assim como no livro, pelo ponto de vista
de Hazel. O que mais gostei foi como cada sequência seguia o ritmo leve que
senti ao ler ACEDE. O sarcasmo dos personagens principais está lá, um
diálogo feito apenas pelo olhar, um quote memorável, quase tudo. Quando digo “quase”
não o digo de forma ruim, pelo contrário, a adaptação foi uma das mais fiéis
que vi até hoje. Poucas cenas faltaram e, a meu ver, apenas um quote faltou
para ser o livro em si.
A história de A Culpa É Das Estrelas, para mim,
sempre foi mais do que um drama envolvendo dois adolescentes com câncer que se
apaixonam. O livro fala sobre escolhas, sobre viver o momento, capturar a
essência de cada pequeno detalhe, cada pequeno
infinito. E nisso a produção acertou em cheio, cada detalhe estava lá. E
falando em detalhes, nunca imaginei que uma trilha sonora encaixasse tão
perfeitamente como a deste filme. Ouvindo separadamente eu tinha achado a
trilha bem fraca, mas agora todas as músicas fazem sentido.
O filme não foi exatamente idêntico ao livro, e isso compreensível,
nunca vai ser. Mas ficou tão fiel à história que não existe a menor
possibilidade de eu citar um defeito. Sim gente, babo ovo mesmo e arrasto um
caminhão para essa adaptação. Foi incrível ver cada cena representada de forma
tão detalhada, praticamente do jeito que imaginei. Foi divertido e leve em
algumas partes, doloroso em tantas outras. Tomo aqui a liberdade de parafrasear
o que Markus Zusak comentou sobre o livro “Você vai rir, vai chorar e ainda vai
querer mais”. Sim, eu saí querendo mais de Hazel e mais de Gus, mas como em Uma
Aflição Imperial, o filme é aquilo, a história simplesmente continua,
mesmo que você tenha que imaginar o seu fim.
Sim, eu fiquei devastada já no final. Eu, literalmente,
questionei meus motivos de ter ido ver. Porque dói, gente, é a realidade de
muitos retratada. A Culpa É Das Estrelas é acima de tudo (e digo isso na minha
concepção, tá?) um filme sobre escolhas. E sobre como, às vezes, nós não temos
poder sobre as escolhas que a vida faz por nós. Eu escolhi estar dentro daquele
cinema, eu escolhi me apaixonar por uma adaptação que conseguiu me fazer
sentir, viver, querer aproveitar o momento. Então eu aceito minha escolha. Acho
que nunca acertei tanto em uma e por isso, eu aceito.
E se você, assim como eu, se apaixonou por A
Culpa É Das Estrelas não perca a oportunidade de assistir tudo saindo
do papel. Acredite, você não vai se arrepender, okay? Okay.
