Autor(a): Cecily von Ziegesar, Carina Rissi, Diana Peterfreund, Fábio Yabu
Editora: Galera Record
ISBN: 9788501042101
Páginas: 320
Tradutor: Ryta Vinagre
Ano: 2014
Skoob
Avaliação: 4/5 + ♥
Editora: Galera Record
ISBN: 9788501042101
Páginas: 320
Tradutor: Ryta Vinagre
Ano: 2014
Skoob
Avaliação: 4/5 + ♥
Não sei vocês, mas eu sempre gostei dos vilões. Muitas vezes
achei que eles eram incompreendidos nos contos de fadas, que valorizavam mais
as princesas e condenavam as bruxas. As releituras dessas histórias vêm
crescendo muito nos últimos anos, o mais legal disso é conseguir ver o outro
lado da moeda.
Em O Livro dos Vilões quatro autores
trazem um pouco deste outro lado, no caso, vilões famosos como Malévola e O
Lobo Mau. A estrutura do livro é dividida em quatro contos, que mostram uma
nova visão dos vilões amados, ou seriam odiados?, pela grande maioria.
O livro é rápido de se ler, as releituras são muito boas e
cumprem o seu papel.
#StepSisters: Sobre
sapatos e Selfies – Cecily von Ziegesar
Quem conhece a escrita da Cecily sabe que ela consegue fazer
um vilão como ninguém. O toque característico da autora está presente em todo o
conto, o seu humor ácido, além de todas as referências à alta sociedade. O
conto escolhido por ela foi o da Cinderela, e eu nunca imaginei que as
meias-irmãs da protagonista fossem tão hilárias.
O que mais gostei foi a mudança que a autora fez na
personalidade dos personagens, nas meias-irmãs de Cindy, até mesmo na própria
protagonista. Nastia e Dizzy não são “más”, são apenas fúteis. E Cindy de boba
não tem nada. Além disso, Cecily mostrou que as aparências realmente enganam.
A história é toda trabalhada nas redes sociais, o que fez
com que o propósito da autora de trazer um conto antigo para a atualidade
funcionasse muito bem. Toda referência a tweets, hashtags e a importância fútil
aos seguidores se encontra lá.
Eu gostei muito da finalização da história, a autora
conseguiu amarrar tudo muito bem. A ironia sempre presente no texto de Cecily
funcionou perfeitamente para a história.
Menina Veneno –
Carina Rissi
Sempre ouvi falar muito bem da escrita da Carina, mas meu
primeiro contato foi neste conto e não poderia ter sido mais satisfatório.
Usando uma narrativa em primeira pessoa a autora nos traz uma nova visão da
Rainha Má, famosa antagonista da Branca de Neve. Foi inevitável não me “encantar”
por Malvina.
Ambientada no mundo glamoroso das passarelas, Menina
Veneno foi uma das releituras que mais me fez analisar se os vilões são
mesmo maus ou apenas incompreendidos. O problema maior de Malvina é sua
ambição, mas pensa comigo, todos nós somos um pouco ambiciosos, certo?
Carina conseguiu “humanizar” a personagem má, ao mesmo tempo
em que mostrava um novo lado da princesinha-mor dos contos de fadas. Eu tentei
simpatizar com Bianca, mas não consegui. Sabe aquela sensação de que as
aparências enganam? Pois é.
Menina Veneno conseguiu me mostrar isso, nem sempre mostramos
nosso verdadeiro lado. E às vezes pagamos alto por erros cometidos, alguns sem
nem ao menos perceber.
Quanto mais afiado o
espinho – Diana Peterfreund
De longe o meu conto preferido no livro. A representação de
Malévola, como Malena, e as fadas-madrinhas de Rapunzel, foi bem realista, além
de bem moderna. O foco principal de Quanto mais afiado o espinho é ser
notada. Tudo o que Malena queria era “ser normal”, se encaixar nos padrões.
O que mais me chamou a atenção na história foi o fato de que
as fadinhas, que sempre foram consideradas boas, podem ser muito cruéis.
Trabalhada no ambiente escolar, a presença do bullying é bem explorada.
Quantas vezes os adolescentes não foram escrachados por
serem diferentes? Malena é mostrada como uma bruxa, mas ela não é má, pelo
contrário. Confesso que com a quantidade de ofensas que ela teve que aguentar,
eu já teria tomado providências.
Essa foi a releitura que mais descontruiu os personagens,
mas de uma forma positiva. Mostrando um lado mais ameno da vilã, assim como um
lado canalha do príncipe. Falando nele, assim como Bianca, em Menina
Veneno, a figura dele não me desceu.
O conto fechou de uma forma muito boa, por isso o considerei
o melhor dentre os quatro. Não foi forçado, não precisou de uma continuação.
Mostrou apenas a continuidade da vida e o que os nossos atos trazem de
consequência.
A Menina e o Lobo –
Fábio Yabu
O mais belo e tocante de todos, neste conto Fábio apresentou
um lado completamente diferente do Lobo Mau que estamos acostumados. Passeando
pelo mundo dos contos de fadas, o autor conseguiu fazer com que eu imaginasse o
que acontece depois que fechamos os livros.
O vilão da história é o Narrador, e como ele meio que torna
a “vida” dos personagens um inferno. O Lobo, já cansado disso e com uma sede de
conhecer outros lugares e mundos, consegue escapar desse regime autoritário.
E é aí que a mágica da história acontece. Vindo para o mundo
real, conhecemos a família Lopes, entre eles a pequena Clara. A amizade que
surge entre os dois é muito bonita, além disso, mostra que os vilões podem ser
bonzinhos.
O conto foi muito bem estruturado, com um toque de mistério
sobre a identidade do Narrador, além de partes engraçadas. Foi meu primeiro
contato, também, com a escrita do autor e gostei muito do que foi apresentado.