1 de agosto de 2012

[Entrevista] Lu Piras

Oi galera! Mais uma entrevista fresquinha, dessa vez com a autora parceira (e super querida) Lu Piras. Eu organizei junto com ela o primeiro Booktour do seu primeiro livro, Equinócio - A Primavera, e vocês podem conferir a resenha aqui. Espero que vocês gostem!

1- Você sempre gostou de escrever? Quando você descobriu que desejava ser escritora?
Sempre! Desde as cartinhas (que não cabiam no espaço dos cartões!) que eu escrevia para meus avós no Natal e nos aniversários, sempre soube que gostava de escrever. Desde as longas tardes que eu passava com meu irmão conversando e inventando histórias sobre os amigos de colégio (por ele ser mais novo sempre acreditou em tudo, sem questionar!). Meu pai escreve muito bem e já fez várias poesias. A poesia que ele fez para mim sempre me emociona. Ele me transmitiu essa sensibilidade com as palavras e do quanto elas podem tocar a outra pessoa. Enfim, acho que escrever está no meu sangue. Eu não sei ao certo se houve um momento em que descobri que queria ser escritora. Foi natural. Quando eu me dei conta de que tinha escrito mais de 1500 páginas na série Equinócio e que aquela papelada toda não caberia no meu baú, rsrsrs.
2- Qual foi o primeiro livro que você leu? Ele te marcou? Por quê?
Os primeiro livro que li foi em inglês, Romeu e Julieta, de Shakespeare. Eu era muito nova e lembro que não entendia muita coisa e passava mais tempo no dicionário do que lendo o livro propriamente, rs. Mas ele não me marcou pela dificuldade com a língua, mas em alcançar aquele romantismo puro e tão sublime. Lê-lo em português não tem a mesma graça para mim.

3- Na sua opinião, o que é necessário para se criar uma boa história?
Ter um bom enredo (coerente e coeso), personagens bem definidos (com personalidades verossímeis) e não ter preguiça e nem pena do texto na hora de revisá-lo. A história se constrói, desconstruindo-a.
4- O que te inspira a escrever?
Eu sou uma pessoa altamente inspirável, rs. Tudo me inspira, o clima (chuva, eu adoro!), a natureza (mais as montanhas do que o mar), as pessoas (desconhecidos me inspiram mais que conhecidos), música, escultura, filmes. Mas, de tudo o que eu citei, a música é fundamental. Ela cria a ambiência e me ajuda a construir a história.
5- O que você está achando da recepção de "Equinócio"?
Eu estou muito feliz com o feedback que venho recebendo do livro. O que mais me emociona quando um leitor me procura para falar sobre as suas impressões com a história é quando ele fala das entrelinhas do romance. É quando ele alcança o que os olhos não veem, o que está além das palavras.
6- O que podemos esperar para "Polaris - O Norte"?
O segundo volume da série promete revelar muitos mistérios sobre alguns personagens e fechar algumas pontas soltas de Equinócio. Também começa e termina um enredo relacionado ao passado de Nate e a protagonista Clara se vê cada vez mais pressionada a tomar importantes decisões. É um livro bastante surpreendente, eu diria.
7- Você já sentiu alguma dificuldade em escrever?
Não. É quando eu me sinto mais à vontade. Eu sou uma pessoa muito introspectiva, observadora, quieta. Gosto de absorver e acho que esse meu perfil ajuda na hora de me concentrar no mundo da minha imaginação.
8- De onde surgiu a ideia de escrever sobre criônica, e ainda envolver anjos?
Foi bom você tocar no tema da criônica, pois me deu a oportunidade de dizer nesta entrevista algo inédito, rs. A ideia de Equinócio começou com a escultura Eros e Psiquê, de Antônio Canova. Até aqui, nenhuma novidade para quem já me conhece na blogosfera e já leu “n” entrevistas minhas. A escultura me inspirou pela ternura e pelo conflito daquele amor mitológico. Eu quis passar isso para meus personagens, o anjo (no lugar de Eros) e a humana (no lugar da Ninfa) e, para isso, usei a psicologia, a filosofia, e até alguma fonte bíblica para construir o romance deles. Pesquisei Dante, Dionísio, Santo Tomás de Aquino, Hildegarda de Bingen e muitos outros escritores que me ajudaram a transmitir uma visão científica, o mais verossímil possível, do que seria uma “física” dos anjos. Eu não quis abusar do estereótipo, eu quis me basear nele.
Por conta desse meu interesse mais científico, eu pensei em criar um drama na vida da protagonista (o fato da narrativa ser em primeira pessoa pedia isso) que justificasse a aparição de um anjo (de verdade, celeste, etéreo e intocável) na vida dela. A ideia de criônica surgiu daí. Eu visualizei um conflito imenso envolvendo ética e religião que poderia ser muito bem aproveitado numa ficção com anjos. O terceiro volume de Equinócio foi um livro difícil de escrever por conta disso. Eu fiz muita pesquisa sobre a criônica para tornar a história o mais real possível, sem induzir o leitor a um determinado ponto de vista, embora a protagonista deixe o seu bem definido na trama. Confesso que eu dei um toque bem Glória Perez à minha história, rs.
9- Você se inspirou em pessoas conhecidas para criar seus personagens?
Sim, especialmente família e amigos. Como a protagonista tem uma estrutura familiar bem definida na história, era preciso desenvolver muito bem a sua relação com os membros da sua família, pai e irmã, essencialmente. Eu busquei isso na minha família, essencialmente na minha relação com meu irmão.
10- Quais autores te inspiram?
Eu poderia dizer Baudelaire, Dostoievski, Kafka, Machado de Assis, Clarice Lispector, que adoro. Mas escolho J.K. Rowling e Stephenie Meyer para essa resposta, pois foram elas que me inspiraram a acreditar no meu sonho, no meu estilo de fazer literatura.
11- A literatura brasileira está ganhando mais atenção, principalmente entre os jovens, como você acha que está o cenário literário atualmente? 
Estamos passando por um momento muito bom no mercado editorial brasileiro, com mais inclusão de escritores nacionais. E isso é, sem dúvida, graças a essa nova geração de leitores, uma geração jovem e despida de preconceitos literários, que surgiu na era pós-Harry Potter,
São passos curtos e ainda existe alguma relutância das editoras e livrarias em abrir espaço para essa nova literatura, mas estamos avançando. Acredito que em breve veremos muitos nomes nacionais em destaque nas prateleiras das livrarias junto aos internacionais.
12- Alguma mensagem para quem quer seguir carreira como escritor?
Persistência. É a palavra-chave. Não se pode desanimar nem um dia, nem com os “nãos”, com as críticas, com a lentidão do processo. É preciso lutar para publicar o seu livro e depois lutar ainda mais para divulgá-lo e fazê-lo chegar aos leitores.  É um trabalho de paixão, de vocação, pois entregamos o máximo de nós e nos expomos demais. É preciso estar preparado para isso e acreditar no nosso potencial. Se você quer seguir a carreira, acredite em você, sobretudo. 

2 comentários:

  1. Nandinhaaaaaaaaaa!!!

    É uma alegria estar mais uma vez aqui, neste blog lindo que eu adoro, falando do que eu mais gosto que é literatura.
    Parabéns pela sua iniciativa de apoio aos escritores nacionais, ao grupo Turnê Literária do qual faço parte com muito orgulho. Obrigada pelo seu carinho comigo e com a história de Equinócio. *-*

    Beijocas,

    Lu

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  2. Adorei a entrevista! Ficou super diferente das que já tinha visto antes com a Lu. É sempre bom sabermos um pouquinho mais sobre a autora e a obra que adoramos...
    Sim, adorei Equinócio e recomendo a todos!
    Beijinhos

    Marcia Rubim - autora de Adeus à Humanidade
    @marcia_rubim

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